Mesmo faltando cerca de seis anos para a Copa do Mundo no Catar, as polêmicas em torno do país e o esquema de corrupção da FIFA fortalecem a ideia de que a Copa foi comprada e não deve ser realizada nesse local.
Recentemente, o mundo tem acompanhado o escândalo de corrupção da FIFA (Federação Internacional de Futebol), o que levou ao questionamento não só da mídia, mas também de especialistas esportivos sobre o processo de escolha da Copa de 2018, na Rússia, e de 2022 no Catar. Grupos de direitos humanos também têm criticado tal decisão e, devido á tantas críticas, vários membros da FIFA afirmaram que o torneio no Catar seria um erro. No caso, o Catar será o primeiro país do Oriente Médio a sediar uma Copa do Mundo.

A Suíça identificou, no ano passado, 53 transações suspeitas a respeito das irregularidades nas escolhas dos anfitriões das Copas do Mundo de 2018 e 2022. Ambos os países ( Rússia e Catar) são acusados de comprar votos, apesar das investigações da FIFA afirmarem que nada foi encontrado. Com relação ao Catar, uma reportagem da revista France Football calcula em quase 80 milhões de reais o custo da ofensiva planejada para derrotar outros candidatos.
Joseph Blatter, ex-presidente da FIFA, foi afastado do futebol por oito anos, devido à "falta de atitudes éticas e execução abusiva de sua posição como presidente". O dirigente chileno Harold Mayne-Nicholls, ex-presidente da Federação de Futebol do Chile e um dos responsáveis por examinar as candidaturas do Catar e da Russia para sediar as Copas do Mundo, foi suspenso do futebol por sete anos pela FIFA. O motivo exato do processo e punição está mantido em sigilo pela entidade.
Há muitas criticas e controvérsias envolvendo o Catar. As principais são o clima, o custo das obras, a relevância do futebol no país, a escravidão e o tratamento a estrangeiros.
Jornais como The Guardian, a Anistia Internacional e BBC Brasil, dentre outros, relatam as condições absurdas vividas pelos trabalhadores no Catar. Em uma reportagem da BBC Brasil de 2015, um supervisor de obra do Reino Unido que trabalhou no país relata:
"Trabalhei em março (de 2015) em uma das obras do Mundial e Doha (capital do Catar). Fiquei só duas semanas lá, porque as condições eram uma desgraça. Já trabalhei como supervisor de obras no mundo inteiro e nunca vi condições de trabalho tão precárias. [...] Tratavam todos eles (trabalhadores) muito mal e era terrível como eles viviam[...]. Eles (a alta gerência) nos diziam que, se não gostávamos, era para sairmos dali. E foi o que fizemos."
No site da Anistia Internacional Brasil, é possível encontrar não só relatórios sobre a escravidão, mas também sobre agressão e violência sexual.
Os abusos cometidos pelas empreiteiras vão desde os passaportes confiscados, a saída dos trabalhadores só permitida com autorização da empresa falta de segurança no trabalho, falta/atraso no pagamento até a restrição ao acesso a um serviço de saúde.
Renata Neder, a assesora de direitos humanos da Anistia Internacional no Brasil, relata que, quando os trabalhadores buscam seus direitos, sofrem ameaças dos seus encarregados diretos. Na avaliação da assesora, uma das situações mais graves são as das empregadas domésticas, que, além de todos os crimes citados, são vítimas de agressão física e abuso sexual.
Segundo Neder: " A gente não pode admitir que um mega evento esportivo seja dado como desculpa ou às custas da violação dos direitos humanos".
No site Idea Grid foi divulgado no ano passado um artigo que mostra "um protesto visual de designers de todo o mundo que recriaram logomarcas de grandes corporações envolvidas no evento esportivo da Copa do Mundo no Catar, retratando fatos ocorridos nas obras de preparação dos complexos do evento, que será realizado em 2022". Confira:


Outra crítica, o clima, tem relação com o verão no Catar, que era uma preocupação, já que a Copa é realizada geralmente durante o verão do hemisfério norte, e nessa estação as temperaturas chegam a mais de 50 graus celsius. Segundo o Presidente-executivo da Copa no Catar, Hassan al-Thawadi, "o calor não é e não será um problema". No projeto original os estádios onde haverão os jogos teriam um sistema de resfriamento para deixar a temperatura em torno dos 20 graus celsius e não prejudicar o rendimento dos jogadores. Porém foi decidido em 2014 que a Copa será realizada no inverno com agradáveis 25 graus celsius.
Isso gerou muita discussão porque cerca de 50 ligas serão afetadas com a Copa entre novembro e dezembro ( dentre elas a A-league, na Austrália, e Premier League). A Fox Broadcasting Company, que tem os direitos de transmissão das duas próximas Copas do Mundo, expressou certa raiva sobre a possível interrupção da NFL e que o contrato contava que qualquer mudança de data cabia uma indenização.
Segundo algumas estimativas, a Copa no Catar custará cerca de quatro vezes mais que a Copa no Brasil (US$ 220 BILHÕES). Boa parte desse dinheiro seria para infraestrutura, já que o evento não se resume apenas na construção de estádios. E, devido ao custo, os organizadores no Catar teriam solicitado a FIFA, a aprovação de um número menor de estádios (de 12 estádios para 8 ou 9).
Confira alguns dos projetos, com designs inovadores, dos estádios a serem construídos ou reformados:


A equipe do Catar é irrelevante no cenário mundial, eles nunca se classificaram para uma Copa do Mundo antes. Isso leva alguns a questionarem a força da cultura do futebol no país e se isso pode tornar inadequada a sua hospedagem para o Mundial.
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